Paraná recebe turnê do espetáculo paulistano Subterrânea: uma fábula grotesca
O solo autoral da atriz Juliana Birchal passa por quatro teatros das cidades paranaenses – Londrina, Maringá, Piraquara e Curitiba, durante o primeiro trimestre de 2025. A montagem faz reflexões sobre o papel da mulher na sociedade ao questionar o conservadorismo patriarcal usando como metáfora o ciclo de vida das cigarras, além da inspiração na obra de Lewis Carroll: As aventuras de Alice no reino subterrâneo.

De 30 de janeiro a 1º de março de 2025, a atriz mineira, radicada em São Paulo, Juliana Birchal e sua equipe de produção fazem uma turnê no Estado do Paraná com a apresentação do solo autoral de teatro físico “Subterrânea: uma fábula grotesca”, passando pelas cidades de Londrina, Maringá, Piraquara e Curitiba, por meio da Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz. “Trazer o espetáculo para cidades paranaenses é uma oportunidade de compartilhar com um público inédito, o que com certeza vai acrescentar muito ao espetáculo, além da troca com artistas locais e colocar em pauta a violência de gênero, um tema urgente”, conta a atriz.
Londrina é a primeira cidade a receber o projeto, de 30 de janeiro a 2 de fevereiro, que inclui três apresentações gratuitas, na Casa de Cultura da UEL, e ainda oferece a oficina formativa “Mascaramentos para a Criação Teatral” para artistas e estudantes, ministrada pela própria Juliana e pela provocadora cênica e produtora do solo. Na sequência, de 4 a 7 de fevereiro, o Teatro Reviver Magó em Maringá será o palco das apresentações; seguido por Piraquara no Teatro Municipal Heloísa Ribeiro de Souza, de 21 a 24 de fevereiro; finalizando a turnê na cidade de Curitiba, no Espaço Obragem, entre os dias 26 de fevereiro a 1 de março.
Por meio de uma fábula, o solo de Juliana Birchal, coloca em cena uma mulher-cigarra que, para se encaixar nos papeis sociais que lhe foram atribuídos, acaba revelando as contradições e violências deste sistema, sendo ao mesmo tempo vítima e algoz. “O espetáculo questiona a perpetuação de modelos sociais e valores morais provocando o público a refletir sobre o lugar das mulheres na sociedade”, enfatiza.
Na equipe criativa de “Subterrânea: uma fábula grotesca”, Juliana conta com a direção de Lenine Martins e utiliza a técnica teatral do mascaramento para viver a personagem, uma mulher-cigarra que levanta questionamentos sobre o patriarcado ao fazer uma analogia com o ciclo de vida do inseto que passa parte da vida debaixo da terra. “A correlação com a cigarra convida o público a refletir sobre as funções e papeis exercidos pela mulher na sociedade e o afloramento do conservadorismo na contemporaneidade que acaba por justificar erroneamente uma série de injustiças comumente aceitas”, revela a atriz.
Criação e Inspiração de Subterrânea
Juliana Birchal foi impactada pela leitura da consagrada obra de Lewis Carroll: As Aventuras de Alice no reino subterrâneo, escrita em 1865, mais conhecida como Alice no país das Maravilhas. Foi quando em 2019, convidou a atriz Mayara Dornas para montar um espetáculo a partir daquela narrativa. “Lembro de estar muito interessada nesse mergulho que a Alice faz no mundo subterrâneo e aí comecei a pesquisar a obra e ficar curiosa sobre o que era esse salto que ela dá, para esse lugar debaixo da terra, onde a lógica parece não ter lógica”, explica.
Outro ponto de partida para a montagem foi o isolamento social vivenciado durante a pandemia da COVID-19. Diante da situação alarmante e da pulsante vontade de se expressar, a atriz transformou sua casa numa sala de experimentos, que resultou neste solo autoral. Juliana conta que a ideia do subterrâneo já havia ultrapassado a história de Alice. “De repente tudo que estávamos vivendo social e politicamente no Brasil, além de um governo de extrema direita e discursos de ódio ganhando força, começou a me trazer forte impacto, que transformei em arte”, conta. Foi nesse momento que a ideia do subterrâneo ganhou força revelando como aquilo que estava escondido se tornou visível de forma avassaladora. “Se antigamente alguém tinha receio de falar algo que pudesse soar como intolerante ou preconceituoso, naquele momento as pessoas não o tinham mais e a justificativa era a liberdade de expressão”, destaca.
O espetáculo solo de Juliana Birchal, teve estreia nacional em junho de 2023, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium em Belo Horizonte (MG). No mesmo ano foi apresentado em Brasília (DF), durante o Festival Solos Férteis. Em 2024, chegou a São Paulo e Mato Grosso no Festival de Teatro da Amazônia Mato-Grossense em Alta Floresta.

SINOPSE
No formato de uma fábula grotesca, o solo aborda a trajetória de uma mulher-cigarra que, uma vez nascida cigarra, deve se conformar a cumprir o seu papel: acasalar, reproduzir e morrer. Pelo bem da espécie, a mulher-cigarra reproduz o próprio sistema que a reprime, mantendo assim, a ordem natural das coisas.
FICHA TÉCNICA
Concepção e atuação: Juliana Birchal
Direção: Lenine Martins
Dramaturgia: Juliana Birchal e Lenine Martins
Consultoria dramatúrgica: Si Toji
Provocação Cênica: Jossane Ferraz
Trilha sonora: Javier Galindo
Consultoria musical (violino): Vanille Goovaerts
Iluminação: Lucas Pradino
Cenografia, figurino e adereços: Laura Françozo
Maquiagem: Thaís Coimbra
Produção executiva: Juliana Birchal
Arte gráfica e identidade visual: Adriana Januário
SERVIÇO
LONDRINA
Espetáculo – Subterrânea: uma fábula grotesca
Dias: 31 de janeiro a 2 de fevereiro
Local: DAC – Casa de Cultura UEL (Av. Celso Garcia Cid, 205 – Vila Siam)
Horário: 20h e domingo às 19h
Ingresso: Gratuito
Roda de conversa: 31/01 após a apresentação
*Apresentação com LIBRAS: 31 de janeiro
*Todas as apresentações terão visita tátil uma hora antes das sessões
Oficina – Mascaramentos para a Criação Teatral
Dia: 30 de janeiro
Horário: das 9h às 12h – das 14h às 17h
Local: DAC – Casa de Cultura UEL (Av. Celso Garcia Cid, 205 – Vila Siam)
Inscrições: inscrições através de link na bio do perfil do instagram @subterranea.fabula.grotesca
Redação Agora Londrina com Assessoria